quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Poesia de Renato Suttana

UM OLHO

I

Um olho
baço,
cego,
e nenhum
pensamento

na noite opaca.
E estar girando
como uma
folha
seca

no vento:
o vento
não é nenhum
pensamento.
Não é

senão
o que sopra
lá fora.
(Seu assobio
nos beirais.)

Um olho
neutro, nulo –
porém cego,
na noite
fria.


II

Vasto
é o círculo
que a noite traça
ao redor
do olho:

e negro
e lento
e impenetrável
por dentro
como um caroço

na treva –
como uma
pedra.
E espesso
mais que o

pensamento
que tenta
atravessá-lo
na
escuridão.
 

Renato Suttana

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