terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Poesia de Ricardo Aleixo

Minha linha




Que o dono da fala
nunca
permita que eu saia
da linha
a linha que
quanto mais torta
mais posso dizer
que é a minha

Sempre fui
meu próprio mestre
e é sem tristeza
que conto
que ainda não aprendi
nada
não me considero
pronto

Em matéria
tão complexa
quanto a arte
de entortar
a linha
que nem a morte
há de um dia
endireitar

Ricardo Aleixo

domingo, 21 de novembro de 2010

Poesia de Ricardo Silvestrin

Restam poucas chances.
Bate-boca,
todos os partidos,
um pouco de cinema,
o dedos dos profissionais,
o trem dos covardes,
uma faxina mental.
Pra quem tá a fim,
em um ano mil casos,
pista de corrida.
Amor:
assunto para amadores.
Prática desmente teoria.

Ricardo Silvestrin

sábado, 23 de outubro de 2010

Poesia de Lau Siqueira

cobaia

não existem
feridas que não
cicatrizem

mas a marca
funda de um olhar
amargo

dói como a dor
de um bicho
esmagado


Lau Siqueira

in O Comício das Veias -1999

sexta-feira, 5 de março de 2010

Poesia de Sandra Santos

Doravante Dora


Na noite escura
A luz é Dora
Dourada Dora
Mulher não és
Rabit, Dora?
Entre os sinais
Sinaliza Dora
Entre os espelhos
Já é Senhora
Sem mãe, sem pai
Sem história
Simplesmente Dora
Dourando ao sol
Dura luz
De Dezembro
É Dora
Café pequeno
No Café Concerto
Entre borboletas
Mariposa é Dora
DuraDoura
Contra a luz
No chafariz
Moeda morta
Meretriz
Menina insiste
Do fundo do fosso
Canção blue
Tema livre
Dora em declive
Teto Escarro Vão
Na noite escura
Luz difusa
Mariposa descontinua
Alguém chora
No beco escorre
Para sempre, Dora...
.
Sandra Santos

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Poesia de Ricardo Chacal

de manhã

a certeza de que as coisas
são assim mesmo
maneiríssimas
de que você fica
muito bem
ao meu lado.

bom dia

Ricardo Chacal

Poesia de Alexandre Brito

a rede


mergulhado na tarde esquisita
cometo uma ideia aqui outra ali
entrevejo a mulher que eu adoro
e me divirto

aspiro rapé
alguns decímetros cúbicos de ar
e um poema beat desmesurado

"...a irrealidade é meu chão
e o esquecimento a minha bússola"

há que dispormos das armas necessárias no cinto de mil e uma inutilidades para enfrentar os malfeitores, a burocracia maquiavélica oficial remunerada e os arque-inimigos do Pasquim

mergulhado nessa esquisitice completa
faço anotações pra depois do crepúsculo

o crepúsculo tem músculos, oníricos músculos
e tudo ronrona depois do crepúsculo
basta esticar o dedo e pedir uma carona que ele te leva onde ninguém
só você

cochilo sobre essa ideia
"...depois do crepúsculo tudo ronrona"

desperto hirto

aquela manhã morna virou essa tarde quente

ê modorra pachorrenta... antes uma rede
meu reino por uma rede

a mulher que eu adoro se despe
abre suas asas de delícias sobre nossa cama
quero o que ela quer

o poema pode esperar

Alexandre Brito

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Poesia de Wilmar Silva

NOA

meni de sant exili te quero
aqui agora no meio de mi
meni de sant exili me quero
aqui agora no meio de mi

meni de sant exili te quero
aqui agora no meio de mi
meni de sant exili me quero
aqui agora no meio de mi

aqui agora no meio de mi
meni de sant exili me quero
aqui agora no meio de mi

aqui agora no meio de mi
meni de sant exili me quero
aqui agora no meio de mi

meni de sant exili no quero

Wilmar Silva