quarta-feira, 13 de maio de 2009

Poesia de Miguel Carneiro para Kzé

PARA EMBALAR KZÉ EM SEU DELÍRIO NOTURNO

Em memória de José Narciso de Magalhães Carvalho Moraes Filho, ZECA DE MAGALHÃES (1959-2007)

“Aliás não temos aqui cidade permanente, vamos em busca da futura.” Hebreus, 13-15. 

Numa sexta-feira,
em Pindorama,
quando a folia momesca,
reinava na velha província da Baía de Todos os Santos e Inevitáveis Demônios.
Entre a cana,
o colosso dos camarotes da Barra
e a falsa alegria,
e o Tempo com sua traíragem,
que resolveu te tirar de campo,
te descendo do telhado.
Deixou os teus,
órfãos de tua amizade
e de tua poesia.
Não era ainda
nem segundo tempo,
e nem havíamos ganhado o jogo.
Mas,
em memória de ti,
poeta leminskiano,
abominador da mediocridade poética baiana de igrejinhas e confrarias cafonas.
Não recolheremos nossas bandeiras,
nem meteremos nossos rabos entre as pernas,
nem ficaremos desiludidos,
nem abaixaremos nossas frontes
para os chacais da palavra.
Ficamos,sim,
aqui,
todos os teus,
que te foram ternos,
passando uma chuva
com teu verso clandestino na memória
e aquela certeza absoluta
que a tua luta
não foi em vão.
Ficaram poucos...
Mas teu nome, Narciso,
será sempre eterno em meu coração.

25/02/2007

Miguel Carneiro

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