quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Poesia de Wender Montenegro

A DESPEITO DE SARTRE


Se todo homem é uma ilha
onde um náufrago respira;
se o outro é firme sustentáculo
sem o qual cairíamos
- inertes -
com o fardo medonho do ego;

se o inferno do tolo é o ouro,
não o de tolo mas, o outro:
o que reluz de verdadeiro,
áureo desejo do comum dos homens
(autólatras anônimos,
ébrios Narcisos espelhando-se
em vômito);

se nenhum homem é uma trilha
intransitável aos demais,
quem será o inferno do homem?

Wender Montenegro

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