quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Poesia de Maria Carpi

Eu agradeço tudo o que não tive.
Tudo o que não tive não precisa
ser perdido ou apagado. Ninguém
me arrancará dos braços o que não

abracei. a ferrugem estanca a gula
na borda desse nada a perder.
E mais agradeço o que não necessitei
e não tive. O que pedi e implorei,

e não tive. O peso imaterial, pesado
de carregar ou de engavetar, do que
não tive. A constelação longínqua
a um palmo do desejo de não tê-la.

Igual ao olvido de haver nascido
e escrever. O tumulto das luzes
nas altas ervas da cama. O que
a tinta não raptou com a escrita.

Maria Carpi

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