quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

DENTES IGUAIS

Meus olhos desdobram o espaço plano,
As mãos tremem e, nas pernas as dores,
Para o fim que desdiz escândalo engano:

O futuro vai à frente dos meus mentores.

De um lado, as cercas e as flores da casa,
Do outro, poeira da estrada e capim limão,
Duas crianças brincam rindo empolgadas:
Não se sabe onde foi parar a segregação.

Um ostenta o aparato banhado em ouro,
O outro, um feixe de palitos de madeira.
E decidem trocar entre si seus tesouros:
Ambos de dentes brancos e alvissareiros.

2 comentários:

  1. Lembrei-me daquela linda letra de uma música igualmente bela chamada Morro Velho, de Milton Nascimento. Guardando as proporções e o estilo ambas falam da integração entre os diferentes e da nossa capacidade de ser solidário. Pelo menos enquanto as instituições sociais não nos iniciam na síndrome de desconfiar e apartar-nos dos outros.

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  2. As crianças me fascinam pois me ensinam, ou relembram nossas capacidades mais sofisticadas...

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